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Meditação nas Matrizes Africanas: A Verdadeira Origem Ancestral Por Trás das Práticas Orientais
Descubra as raízes africanas da meditação, seu papel nas tradições afro-brasileiras e como fortalecer sua mediunidade com práticas ancestrais e espirituais.
11/8/20256 min read


Quando ouvimos a palavra “meditação”, quase sempre pensamos em monges budistas, templos orientais, silêncio absoluto e postura de lótus. Mas, na prática, esse imaginário é apenas uma parte da história. As tradições afro-brasileiras — especialmente a Umbanda — utilizam estados meditativos desde cedo, tanto para preparo espiritual quanto para fortalecimento da mediunidade.
O que poucos sabem é que as práticas meditativas não são exclusividade do Oriente. Diversas linhas de pesquisa afrocentrada defendem que técnicas de contemplação, silêncio, autoconsciência e alinhamento energético têm raízes profundas na África — especialmente entre povos bantos, sudaneses e kemitas (Egito Antigo). Autores como Cheikh Anta Diop, Théophile Obenga, Nei Lopes, Reginaldo Prandi e Luiz Antônio Simas reforçam a ideia de que temos um patrimônio cultural africano muito mais vasto, antigo e influente do que a história hegemônica ocidental costuma admitir.
Este artigo é um convite: recuperar essa ancestralidade, entender como a meditação se manifesta na Umbanda e perceber como ela fortalece não apenas médiuns, mas qualquer pessoa que busca equilíbrio emocional e energético.
Afinal, por que o Ocidente ensinou que meditação é algo oriental?
Durante séculos, houve um processo sistemático de apagamento das contribuições africanas ao pensamento humano. Como comenta Nei Lopes em diversas de suas obras, o continente foi reduzido ao estereótipo de um espaço “sem escrita”, “sem filosofia”, “sem ciência” e “sem espiritualidade complexa” — o que é completamente falso.
Esse apagamento também alcançou práticas contemplativas. Assim, a narrativa popular consagrou a Índia, a China e o Tibete como berços exclusivos da meditação, ignorando tradições africanas milenares que utilizavam:
rituais de silêncio;
observação do próprio corpo;
práticas respiratórias;
estados alterados de consciência;
danças meditativas;
concentração de foco;
contato com ancestrais por meio do transe.
Em diversas sociedades africanas, antes mesmo da diáspora, existiam formas de contemplação espiritual que hoje reconheceríamos como “meditação”.
A África como berço de saberes ancestrais
Pesquisadores afrocentrados, como Diop, argumentam que o Egito Antigo (Kemet) influenciou fortemente tradições filosóficas, religiosas e corporais que mais tarde se desenvolveram no Oriente. Embora isso não seja consenso acadêmico, trata-se de uma perspectiva simbólica e cultural relevante para entender a espiritualidade afro-diaspórica.
Além do Egito, muitos povos bantos, iorubanos e sudaneses utilizavam:
técnicas de respiração para rituais de cura;
contemplação para conexão com ancestrais;
escutas internas prolongadas;
estados meditativos antes de rituais de transe.
Em outras palavras: a meditação faz parte da África profunda, ainda que não recebesse esse nome.
As tradições de meditação entre povos bantos
Segundo Simas e Prandi, a cosmologia banto valoriza o “axé da calma” — o estado de equilíbrio e serenidade que permite ao indivíduo conectar-se ao invisível. Para alcançar esse estado, líderes espirituais utilizavam métodos que hoje reconheceríamos como:
focalização;
silêncio consciente;
fixação da atenção no fogo, na água ou na brasa;
alinhamento da respiração com cantos rituais;
meditação guiada por mais velhos.
É por isso que diversas casas de Umbanda utilizam exercícios meditativos antes de giras, desenvolvimento mediúnico ou trabalhos de cura.
O elo entre África, Oriente e meditação
Diversas correntes afrocentradas defendem que práticas orientais — como certos tipos de yoga, artes marciais e estados meditativos — têm influências africanas pré-clássicas, especialmente kemitas e núbios. Embora não sejam conclusões historicamente fechadas, essa visão traz uma dignidade espiritual que muitas pessoas negras reconhecem profundamente.
Além disso, há paralelos simbólicos impressionantes:
A postura de lótus aparece esculpida em estátuas kemitas.
Técnicas de respiração ritual são descritas em papiros egípcios.
Estados de transe e contemplação são amplamente documentados em sociedades banto.
Práticas de concentração energética aparecem em tradições sudanesas.
Assim, quando falamos de meditação na Umbanda, estamos falando de uma herança espiritual que dialoga tanto com África quanto com Oriente — uma ponte viva entre mundos.
Meditação na Umbanda: função espiritual, energética e mediúnica
Na Umbanda, a meditação não é um ritual isolado. Ela funciona como:
preparo energético;
limpeza mental;
acalmamento das emoções;
alinhamento vibracional com guias e Orixás;
expansão da sensibilidade mediúnica.
Praticar meditação antes das giras favorece:
incorporação mais fluida;
intuição mais clara;
percepção mais precisa das energias;
menor interferência emocional durante o transe.
Não por acaso, muitas casas começam o desenvolvimento mediúnico com técnicas meditativas.
Sincretismo consciente: a Umbanda abraça o que cura e fortalece
Um traço marcante dos povos bantos — e, por extensão, da Umbanda — é a capacidade de absorver práticas benéficas, independentemente da origem. Como diz Luiz Antônio Simas, a cultura afro-brasileira é feita de encruzilhadas: tudo que fortalece, cura e equilibra pode ser incorporado.
Assim, a meditação se torna:
uma técnica de foco;
um estado de abertura;
um caminho de autocura;
um exercício de disciplina espiritual.
Não importa se veio do Oriente, de Kemet ou de Angola. Importa o resultado.
Os benefícios universais da meditação (científicos e espirituais)
Do ponto de vista científico:
reduz estresse;
melhora a qualidade do sono;
reduz sintomas de ansiedade;
fortalece funções cognitivas;
aumenta foco e concentração.
Do ponto de vista espiritual:
acalma o campo energético;
alinha vibrações;
facilita comunicação intuitiva;
fortalece a mediunidade;
permite maior percepção do corpo espiritual.
Meditação e o fenômeno da incorporação
Para incorporar uma entidade, o médium precisa:
silêncio interior;
foco;
rendição;
confiança;
limpeza dos pensamentos.
A meditação é a ferramenta que ensina o médium a:
organizar pensamentos como nuvens que passam;
não se apegar mentalmente;
esvaziar o ego;
abrir espaço para a energia da entidade.
É como limpar uma casa para receber um convidado importante.
Guia prático: como começar a meditar para fortalecer sua mediunidade
1. Sente-se confortavelmente
Não importa a postura. Importa o conforto e a estabilidade.
2. Respire profundamente
Inspire pelo nariz, solte pela boca.
3. Observe seus pensamentos
Não lute contra eles. Deixe que passem.
4. Escute seu corpo
Sua energia mostra muito.
5. Comece devagar
Um minuto por dia é suficiente.
6. Aumente lentamente
Faça progressões semanais:
1 min • 2 min • 3 min • 4 min…
7. Use a meditação antes da gira
Mesmo 60 segundos já limpam o campo vibracional.
Meditação fora do terreiro: ampliando dons espirituais
Quem deseja desenvolver:
clarividência;
clariaudiência;
intuição refinada;
sensitividade energética;
…precisa de uma base meditativa sólida.
A meditação fortalece o campo espiritual como musculação fortalece o corpo físico.
Meditação ao redor do mundo: curiosidades espirituais
Diversas tradições espirituais utilizam práticas meditativas:
Yorubá
Estados de transe profundo para comunicação com ancestrais.
Kemita (Egito Antigo)
Exercícios respiratórios descritos em papiros.
Aborígene Australiana
Viagens espirituais guiadas por sons repetitivos.
Budismo
Concentração e observação da mente.
Indígenas brasileiros
Uso do silêncio como forma de escuta da floresta.
Todas apontam para a mesma verdade:
o ser humano sempre buscou estados de expansão de consciência.
Conclusão: meditar é resgatar nosso próprio axé
A meditação é uma tecnologia espiritual ancestral — africana, oriental, indígena, humana. Ela nos ajuda a:
limpar a mente;
equilibrar o corpo;
fortalecer o espírito;
aprimorar nossos dons;
viver com mais calma e clareza.
É um pilar do caminho mediúnico e um instrumento essencial para quem deseja se aprofundar na Umbanda.
Principais Conclusões
África é berço de técnicas contemplativas profundas.
A Umbanda integra meditação porque ela fortalece a mediunidade.
Meditação melhora foco, intuição, equilíbrio emocional.
Pequenos minutos diários transformam sua energia.
Disciplina gera desenvolvimento real e perceptível.
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Perguntas Frequentes sobre Meditação na Umbanda
1. O que é meditação na Umbanda?
É um estado de foco e silêncio que prepara o médium para conexão espiritual e equilíbrio energético.
2. Meditação ajuda no desenvolvimento mediúnico?
Sim. Ela clareia a intuição, acalma emoções e facilita a incorporação.
3. É obrigatório meditar antes da gira?
Não é obrigatório, mas é altamente recomendado para estabilidade vibracional.
4. A meditação tem origem africana?
Existem correntes afrocentradas que defendem essa perspectiva, reforçando a presença de práticas contemplativas entre povos africanos ancestrais.
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