LUGAR SAGRADO
Falangeiros na Umbanda: História, Poder Espiritual e como Reconhecer Essas Manifestações
Entenda o Poder dos FALANGEIROS NA UMBANDA, suas origens, força energética, funções rituais e diferenças entre os guias e Orixás. Guia completo e aprofundado.
11/14/20255 min read


Os FALANGEIROS NA UMBANDA representam uma das expressões espirituais mais intensas, raras e enigmáticas dentro da religião. Para compreendê-los plenamente, é necessário olhar para a história das religiões afro-brasileiras, o sincretismo, a influência indígena, a formação das linhas de força e a forma particular como a Umbanda organiza suas forças espirituais.
Este artigo apresenta uma visão profunda, moderna e acessível — combinando fundamentos históricos, simbólicos e práticos — para que você entenda quem são os falangeiros, como se manifestam e por que sua energia pura é tão singular e impactante.
A Origem Espiritual e Histórica dos Falangeiros na Umbanda
A compreensão dos falangeiros passa pela formação da Umbanda enquanto religião brasileira — um encontro vivo entre matrizes africanas, indígenas e europeias.
Pesquisadores como Roger Bastide, Pierre Verger, Reginaldo Prandi, Antônio Risério e Nei Lopes mostram que a religiosidade afro-brasileira passou por processos de adaptação, sincretismo e reorganização simbólica desde o período colonial. No caso da Umbanda, esse processo produziu novas estruturas espirituais — entre elas, a ideia de falanges e falangeiros.
• Influência Afro-Bantu e Yorubá
Nas tradições africanas, especialmente nas matrizes banto e yorubá, encontramos conceitos que lembram a ideia de falangeiros:
agrupamentos de energias ou espíritos sob uma regência,
forças especializadas com funções específicas (especialistas espirituais),
entidades que agem rapidamente para equilibrar ou corrigir campos energéticos (forças de ação rápida).
Embora a terminologia “falangeiro” não seja africana, o princípio energético encontra paralelos importantes, como os abiku, eguns e os n'kices de ação rápida presentes em certas tradições congo-angolanas, estudadas por Verger e Bastide.
• Influência Indígena
As tradições indígenas brasileiras sempre trabalharam com espíritos da natureza — forças altamente especializadas e com funções precisas, relacionadas ao vento, ao raio, às águas, à caça e ao fogo sagrado das aldeias.
A Umbanda incorporou profundamente essa lógica da especialização espiritual, o que ajudou a formar o conceito moderno de falange.
• Influência Kardecista e das Federações
Ao longo das décadas de 1950 a 1990, a Umbanda sofreu forte influência kardecista, como apontam Bastide e Prandi. Nesse período, muitas manifestações consideradas intensas foram reinterpretadas como “irradiantes”, “raios” ou “semi-orixás”. A falta de referência africana e indígena contribuiu para confusões terminológicas.
Foi assim que muitos falangeiros passaram a ser confundidos com orixás ou caboclos de alta vibração.
O que são, afinal, os FALANGEIROS NA UMBANDA?
Um falangeiro é uma entidade singular, quase sempre rara, que se manifesta com uma energia extremamente concentrada (forças concentradas), com um objetivo específico e por um tempo muito curto.
Sua característica mais marcante é a força vibratória — algo que distingue sua incorporação de qualquer outra linha da Umbanda.
Principais características de um falangeiro:
Força vibratória extremamente forte e frenética
Não fala, não canta e não realiza consultas
Não interage com assistência ou médiuns
Executa um único ato ritual específico
Desincorpora rapidamente, geralmente em menos de três minutos
Traz uma radiação pura, concentrada e imediata
Atua com vibração direta, sem depender de elementos externos
Não necessita de ponto cantado, ervas ou objetos ritualísticos
Sua manifestação é uma manifestação intensa e funcional
Diferente do que muitos acreditam, não existe incorporação de orixás na Umbanda. Quem se manifesta são os falangeiros e os guias de trabalho — cada qual dentro da sua vibração e especialização espiritual.
Por que os Falangeiros São Tão Intensos?
Segundo referências de autores como Prandi e Simas, manifestações de alta intensidade estão relacionadas à radiação pura e ao impacto energético gerado por forças espirituais especializadas.
O falangeiro não organiza elementos externos. Ele é o próprio elemento, a própria energia em ação.
Exemplos:
Um falangeiro de fogo manifesta o fogo em si, sem precisar de vela.
Um falangeiro de água traz limpeza direta, sem depender de banhos.
Essa pureza vibratória explica:
por que o médium deve ter estrutura específica;
por que a incorporação é breve;
por que o efeito é imediato (descarga espiritual).
Exemplo Tradicional: A Cabocla de Santa Bárbara
Um caso conhecido entre sacerdotes experientes é o da Cabocla de Santa Bárbara, cuja evolução é frequentemente descrita assim:
Como Cabocla de Santa Bárbara, manifestava-se como um caboclo comum.
Em outro momento, passou a se expressar como Cabocla de Oyá, irradiando elementos de ventania e fogo.
Em sua forma mais elevada, tornou-se reconhecida como uma falangeira de Oyá.
Como se manifestava?
Chegava com uma espada numa mão.
A outra mão parecia segurar um cálice ou prato ritual.
Caminhava o terreiro inteiro em silêncio, em eixo ritualístico absoluto.
Desincorporava na porta, encerrando seu trabalho.
Nenhuma fala. Nenhuma dança longa. Apenas contato energético direto e uma atuação rápida.
Falangeiros x Guias de Trabalho na Umbanda: A Diferença Essencial
Guias de Trabalho (Caboclos, Pretos-Velhos, Boiadeiros, Exus etc.):
Incorporam com estabilidade
Falam, aconselham e orientam
Cantam pontos
Interagem profundamente
Trabalham com recursos ritualísticos (contato ritualístico)
Falangeiros:
Não conversam
Não dançam
Não fazem consultas
Não usam cânticos
Permanecem por poucos segundos
Realizam um único movimento energético
Agem como manifestação intensa e direta
Um falangeiro não substitui um guia. Ele cumpre uma função única — um tipo de espírito especializado que opera de forma rápida, limpa e precisa.
Por que São Confundidos com Orixás?
Essa confusão nasce de três fatores:
Sincretismo religioso (anos 50–90)
Influência kardecista, que buscou doutrinar e padronizar a Umbanda
Literatura simplificada, que misturou conceitos africanos, indígenas e europeus
Mas a verdade é clara:
→ Orixás não incorporam na Umbanda.
→ Quem se manifesta são falangeiros e guias.
→ A distinção é vibratória, funcional e histórica.
Ligação dos Falangeiros com Orixás e Linhas da Umbanda
Os falangeiros atuam sob linhas de vibração — não como orixás, mas como manifestações de força vibratória especializada:
Linha de Ogum → corte, impacto, forças de ação rápida
Linha de Xangô → ajuste vibratório
Linha de Iansã → vento, movimento e atuação rápida
Linha de Oxóssi → precisão e limpeza
Linhas das Águas → cura, fluidez e energia pura
Falangeiros em Outras Tradições Espirituais
Embora exclusivos da Umbanda, tradições vizinhas possuem forças semelhantes:
Candomblé → eguns e energias específicas, mas sem “falangeiros”
Quimbanda → Exus e Pomba-Giras com manifestação intensa, mas com fala
Tradições afro-indígenas amazônicas → espíritos de flecha, vento e trovão, considerados espíritos especializados
Guia Prático: Como Reconhecer um Falangeiro
Intensidade vibratória incomum
Incorporação brevíssima
Ausência total de fala
Ato único
Sensações de calor, tremor ou descarga espiritual
Ausência de ponto cantado
Raridade — só aparece quando necessário
Diferenças Entre Umbanda, Quimbanda e Candomblé
Umbanda
Ato único
Energia concentrada
Vibração direta
Quimbanda
Exus e Pomba-Giras
Fala e consulta
Não existem falangeiros
Candomblé
Estrutura completamente diferente
Não existem falangeiros
Trabalhos próprios de axé
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Perguntas Frequentes
1. O que são FALANGEIROS NA UMBANDA?
Entidades raras, intensas e altamente especializadas, que realizam um único ato ritual com força vibratória extrema.
2. Falangeiros são Orixás?
Não. Eles pertencem às linhas dos orixás, mas não representam incorporação de orixá.
3. Como saber se um falangeiro incorporou?
Pela rapidez, silêncio, intensidade e manifestação direta.
4. Existem falangeiros na Quimbanda ou no Candomblé?
Não. O termo é exclusivo da Umbanda.
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