LUGAR SAGRADO
Fundamentos Espirituais dos Pontos Riscados na Umbanda: O Poder que se Desenha no Chão
Descubra os fundamentos espirituais dos pontos riscados na Umbanda e Quimbanda e aprofunde sua fé.
10/14/20254 min read


Os pontos riscados na Umbanda estão entre os fundamentos mais poderosos e, ao mesmo tempo, mais mal compreendidos da religião.
Muitos filhos de fé acreditam que se trata apenas de uma assinatura bonita do guia espiritual — um desenho simbólico no chão. Outros pensam que é enfeite ou que todos os pontos são iguais. E há ainda quem copie pontos da internet sem entender o risco que isso representa.
Hoje, vamos desvendar o verdadeiro significado dos pontos riscados, entender como e quando são feitos, para quem são traçados e, principalmente, por que eles são tão essenciais para o equilíbrio espiritual dentro do terreiro.
O Que é um Ponto Riscado na Umbanda
O ponto riscado é muito mais que um símbolo — ele é uma chave vibratória, uma senha espiritual.
É a palavra do guia expressa em traço, e não em som.
Quando um espírito se manifesta em um médium, ele traz consigo toda a vibração de sua falange, de sua linha de trabalho e de seu povo espiritual.
O ponto riscado é o caminho de energia que permite que essa vibração entre, se manifeste e depois se recolha de forma equilibrada.
Ele abre e fecha caminhos, firma guardiões, afasta demandas e ancora o axé da gira.
Sem ponto riscado, uma gira pode até ter cântico e tambor, mas não tem fundamento de chão.
Cada Ponto é Único: A Assinatura Espiritual do Guia
Nenhum ponto riscado é igual ao outro.
Mesmo dois caboclos da mesma falange riscam de formas diferentes, porque cada guia tem uma identidade espiritual única.
O traço, o movimento da pemba, o local escolhido para riscar — tudo é expressão do espírito.
O ponto riscado é como uma impressão digital espiritual, que representa a essência e a força daquele guia.
Essa prática não é moderna: ela vem das raízes ancestrais.
Nas florestas, os caboclos desenhavam sinais na terra para pedir licença aos donos da mata.
Nas senzalas, os pretos-velhos marcavam símbolos de proteção.
Nos cruzamentos, Exu risca caminhos que trancam ou destrancam o que precisa ser movido.
Cada risco carrega história, sabedoria e poder ancestral.
O Uso Correto da Pemba e a Responsabilidade do Médium
A pemba, o giz branco consagrado, é a ferramenta sagrada do ponto riscado.
Não é um simples giz de escola: a pemba é consagrada, preparada e ativada com oração e axé.
Quem segura uma pemba segura também responsabilidade espiritual.
Por isso, riscar não é brincadeira: é um ato de fé, respeito e conexão direta com o mundo espiritual.
Cada terreiro tem sua forma de firmar o ponto: no chão batido, no congá, na madeira, ou em velas.
Mas o que realmente importa é o fundamento e a intenção.
Símbolos e Linhas de Força nos Pontos Riscados
Cada linha da Umbanda possui seus símbolos sagrados e suas vibrações específicas:
Linha de Ogum: espadas, lanças e flechas — símbolos de força, corte e abertura de caminho.
Linha de Oxóssi: folhas, cipós e setas — energia que caça o mal e traz fartura.
Linha de Xangô: machados, pedras e balanças — justiça e equilíbrio.
Linha de Iemanjá: ondas, peixes e conchas — acolhimento, purificação e limpeza espiritual.
Linha de Iansã: espirais, ventos e raios — movimento e quebra de demandas.
Linha das Almas: cruzes e caveiras — portais de passagem e transformação.
Linha de Exu: cruzamentos e chaves — abertura, fechamento e domínio dos caminhos.
Esses símbolos formam o alfabeto espiritual da Umbanda, onde cada traço fala uma língua que só o coração iniciado entende.
A União entre o Ponto Riscado e o Ponto Cantado
Um ponto riscado sem ponto cantado é como uma oração sem voz.
O ponto cantado invoca a força; o ponto riscado a ancora no chão.
Juntos, eles criam uma corrente energética que sustenta toda a gira.
Por isso, um terreiro sério canta, toca e risca — tudo em perfeita harmonia, com Exu firme na porteira.
Aprendizado e Licença Espiritual
Muitos médiuns perguntam: “Posso aprender ponto riscado sozinho?”
A resposta é simples: não.
O aprendizado do ponto riscado vem do guia espiritual, no tempo certo, e só quando há merecimento e preparo.
Riscar ponto sem licença é como abrir uma porta espiritual sem saber fechá-la.
E há energias que adoram uma porta aberta...
Por isso, cada ponto é um acordo entre planos.
Ele deve ser aprendido com respeito, dentro do terreiro, sob orientação e com o coração limpo.
A Força Está na Fé e na Intenção
O poder do ponto não está apenas no desenho, mas na fé de quem o risca.
Um traço feito sem concentração, sem axé e sem guia não tem força alguma.
Mas quando riscado com fé, com o orixá presente, com o canto e a vibração firmados, ele se torna uma muralha espiritual.
Demanda não atravessa, energia negativa não se sustenta.
Por isso, respeitar o ponto riscado é respeitar o próprio axé.
Respeito e Sigilo: A Intimidade do Guia
Jamais se deve fotografar ou divulgar um ponto riscado sem permissão.
Cada ponto é uma senha espiritual, uma intimidade sagrada entre o guia e o médium.
Assim como ninguém compartilha sua senha de banco, também não se compartilha o segredo de um guia.
O respeito é o que mantém viva a força da Umbanda.
Conclusão: O Ponto que Liga Céu e Terra
Riscar é mais do que desenhar — é manifestar o sagrado no chão.
Cada traço carrega histórias, sofrimentos, vitórias e curas.
Quem compreende isso aprende que Umbanda não é barulho, nem vaidade: é disciplina, fé e amor com lei.
Ao ver um ponto riscado, baixe a cabeça e respeite.
Mesmo sem entender o símbolo, saiba que ali existe uma força viva, uma ponte entre mundos, um pedaço da própria história da Umbanda.
Saravá os pontos riscados.
Saravá os guias que ensinam.
Saravá Exu, guardião de todos os caminhos.
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